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23/03/2010 03:00
UM ESTADO INFORMAL
Mais de 60% dos empreendimentos produtivos do Rio Grande do Norte não são formalizados. Mas é entre os que são registrados que está a maior parte dos empregos: 215 mil pessoas trabalham em empresas cadastradas nos órgãos públicos. Estes e outros dados sobre a economia potiguar estão reunidos no Cadastro Empresarial do Rio Grande do Norte (Cemp), cujos resultados foram apresentados ontem pelo Sebrae-RN. De acordo com a entidade, as tabelas completas estariam ainda ontem à noite disponíveis no site, com acesso gratuito a qualquer interessado. Realizado em parceria com o Banco do Nordeste e a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal (CDL-Natal), o levantamento fez um mapeamento completo dos setores produtivos de todos os municípios do estado e identificou os negócios situados na zona urbana das cidades potiguares. Foram cadastrados 72 mil empreendimentos e, desse total, 66,3 mil são produtivos, ou seja, desenvolvem alguma atividade de impacto direto na economia - entre os demais estão associações, ongs, condomínios, etc. Dos 66.301 negócios classificados como produtivos, 60,9% deles são informais e somente 39,1% estão devidamente registrados. Nas informais, a massa trabalhadora é de 72,6 mil pessoas. Entre as formalizadas, esse número sobe para 215 mil. De acordo com os dados obtidos e analisados pela equipe de técnicos do Sebrae, além de terem quase o triplo do número de funcionários que atuam nas organizações informais, as empresas juridicamente constituídas têm em média 21,4 trabalhadores por estabelecimento. Já a média entre as informais é de apenas 3,3 empregados. Para o superintendente do Sebrae-RN, Zeca Melo, a presença forte de empreendimentos informais na pesquisa não trouxe surpresa. Segundo ele, o percentual encontrado no RN segue a tendência nacional e, como considerou apenas os informais em estabelecimentos, é menor do que o universo apontado pelo IBGE, que indica a existência de mais de 136 mil pessoas no RN que poderiam ser enquadradas no Empreendedor Individual - figura jurídica que reduz drasticamente a carga tributária para autônomos e microempresários que faturam até R$ 36 mil anuais. Em relação ao perfil empreendedor do potiguar, Zeca Melo destaca que "o dado do informal é melhor do que o formal". "Ele (o informal) é empresário mais por vontade do que por necessidade", explica o executivo. "Isso mostra que se dermos a ele uma alternativa viável ele se formalizará". Com os dados em mãos, o Sebrae e instituições parceiras poderão não apenas apontar as melhores oportunidades de negócio como refinar seus planejamentos de ações, programas e políticas públicas voltados às micro e pequenas empresas. "Temos que dar condições efetivas para esse informal operar, não apenas se formalizar. Temos que dar apoio de assessoria maior do que temos dado", comenta o superintendente do Sebrae-RN. Uma das medidas já previstas é que o Sebrae vai visitar e acompanhar todos que se formalizarem através do Empreendedor Individual no estado. Fonte - Diário de Natal