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22/02/2010 03:00
SELIC ALTA VAI DESACELERAR ECONOMIA
A elevação da Selic, com início esperado para abril, deve desacelerar a economia brasileira principalmente a partir do segundo semestre do ano, afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ao programa AE Broadcast Ao Vivo. Para o analista, o crescimento da economia brasileira poderia chegar a 7% ao longo de 2010, mas a alta da Selic deverá trazer o Produto Interno Bruto (PIB) para um nível “mais razoável” de expansão. Ele projeta avanço de 6% do PIB em 2010. Divulgação Vale prevê IPCA em 4,7% neste ano, mas não descarta um avanço para 5,0%, números que ficam acima do centro da meta de inflação (4,5%). “Para ter um IPCA de 4,7%, no cenário muito ruim de inflação que estamos tendo no primeiro trimestre, o IPCA médio, a partir de abril, teria de ser de 0,30% a cada mês. Acho difícil isso acontecer”, acrescentou. O analista avalia que os principais riscos à inflação neste ano derivam da demanda doméstica. Para o economista, a taxa Selic começará a subir em abril, com elevação de 0,50 ponto porcentual. Até o final do ano, prevê o analista, a taxa Selic deve subir 250 pontos-base, ante o nível atual de 8,75%. Com esta elevação esperada para o juro, uma trajetória de desaceleração também pode ocorrer com a criação de empregos formais no País. Vale considera que “não seria difícil” a concretização da meta do governo de criação de dois milhões de vagas formais em 2010. Mas, do mesmo modo que deve haver uma perda de velocidade no ritmo de crescimento econômico, a chance de não ocorrer tal elevação na quantidade de postos de trabalho também reside na condução da política monetária. O aperto do juro ainda deverá atuar bastante na desaceleração da economia em direção a 2011, “trazendo a inflação para mais próximo (do centro) da meta”, ponderou. Para ele, a expectativa de inflação para 2011 coletada na pesquisa Focus, conduzida pelo BC, continua ancorada por conta da percepção dos agentes do mercado relacionada à possibilidade de o BC ser “veemente na sua política, começando a fazer o aumento do juro em um momento em que acha adequado”. Com a alta projetada para a Selic, Vale estima que a economia deve ter desaceleração, mas não deve enfrentar o risco dos voos de galinha muito extremos registrados no passado, de um crescimento muito forte em um ano e desaceleração muito intensa no ano seguinte. “Esse risco passou. Com pequenos ajustes na política monetária, mantém-se a inflação na meta sem acelerar tanto a economia”, disse. As estimativas para o próximo ano têm por base a manutenção das políticas econômicas pela próxima administração federal. Vale avalia que não deve haver um “cavalo de pau” nas políticas monetária e cambial. “Não há francos atiradores na disputa presidencial”, afirmou. Fonte - Tribuna do Norte