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27/10/2009 03:00
REAL DEVE FAZER PARTE DE NOVO SISTEMA MONETÁRIO GLOBAL, DIZ SOROS
Os mercados financeiros recuperaram e voltam a funcionar, e a economia global, que ficou congelada por um tempo, volta a se movimentar, mas o choque causado pela crise financeira que atingiu o mundo todo vai demorar a ser absorvido, disse o multimilionário investidor George Soros, em entrevista ao diário financeiro britânico "Financial Times" ("FT"). Ele defendeu ainda que o real seja uma das moedas em um sistema monetário reformulado. "Há uma retomada, mas acho que os fatos da crise vão levar um longo tempo para serem absorvidos pelo mundo, e a principal fonte do problema são os Estados Unidos", disse Soros. "É lá que os consumidores gastaram mais do que ganharam por 25 anos; onde temos um deficit em conta corrente acumulado que chegou a 6,5% no pico, que poderia na verdade ter ido além porque há outros países --principalmente a China-- que estavam muito felizes em manter um superavit contínuo em seu comércio e financiar nossa dívida." Os americanos, no entanto, ficaram muito endividados, e é o consumo que responde por mais de 70% da economia americana, acrescentou. "É o consumidor que tem de cortar [seus gastos], e isso vai levar um tempo." O sistema bancário estava basicamente quebrado, mas sua recuperação está ocorrendo a um ritmo rápido, diz Soros, porque tomam emprestado com juro zero e comprar títulos do governo de 10 anos, que rendem 3,5%. "Isso é um ritmo bastante rápido para um investimento sem risco", afirmou. China, dólar e real Soros disse que há uma falta de confiança na força do dólar como moeda de reserva e destacou a busca por alternativas, mesmo de moedas para ativos reais. Nessa reforma, a China teria de representar um papel de maior destaque em uma nova "ordem financeira mundial". Como membro do FMI a China é relutante, e é preciso ela se integre em um processo de criar uma nova ordem, afirmou. "É necessário um novo sistema de moedas, e os SDR [Direitos Especiais de Saque, na sigla em inglês, do FMI] de fato fornecem as linhas gerais de um sistema", afirmou. Segundo ele, o yuan e mesmo o real teriam de fazer parte da cesta de moedas que compõem os SDR. "O [yuan] deveria ser parte das moedas usadas nos SDR, e isso faria os chineses participarem (...) Acho que o real, do Brasil, deveria ser parte." O SDR é um ativo criado pelo FMI em 1969, com base numa cesta das principais moedas do mundo, para complementar as reservas oficiais dos países-membros com uma referência menos instável que o padrão-dólar/ouro. Fonte:Folha Online