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12/04/2010 03:00
IPCA MOSTRA INFLAÇÃO ESPALHADA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) confirmou uma inflação expressiva para o primeiro trimestre (de 2,06%) e, de maneira diferente de uma interpretação comum entre uma parte dos especialistas, mostrou que a pressão nos preços não está restrita apenas ao grupo alimentação. A avaliação é do economista da Nobel Asset Management Paulo Val, que, em entrevista à Agência Estado, afirmou que, depois de uma taxa de 0,52% registrada pelo indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março, o mais provável é que o resultado de abril fique no mesmo nível, já que não há grandes sinais relevantes de quedas ou altas muito menores nos preços. “O número divulgado, apesar de ter vindo em linha com a minha projeção (de 0,53%), é uma confirmação de uma inflação forte e mais espalhada, que fechou o primeiro trimestre com um número muito elevado. O fato relevante é que tem havido uma surpresa sistemática da inflação para cima para este período do ano e isso é realmente um sinal de alerta”, comentou Val, que preferiu não divulgar sua expectativa para a IPCA de 2010 porque ainda está em processo de ajustes nas suas projeções. “Para abril, não acredito que a taxa recue. O número deve continuar pressionado, pois, tirando o comportamento dos preços dos combustíveis, os outros componentes não devem passar por uma desaceleração forte, o que tende a fazer com que a inflação fique no mesmo patamar que vimos em março”, opinou. De acordo com ele, apesar de a alimentação ter contribuído decisivamente para a taxa geral do IPCA com uma alta expressiva de 1,55%, há sinais de que a demanda aquecida também tem gerado uma contribuição importante na formação do indicador. “Um ponto que chama bastante atenção é a parte de Serviços, que mostrou variação de 0,72% em março. É um componente basicamente ligado à demanda interna e que não é afetado por dólar ou preço de commodity. A alta veio até um pouco mais forte que esperávamos e a elevação no acumulado de 12 meses deste grupo está batendo em 6,92%”, destacou. Questionado se a taxa alta do IPCA no primeiro trimestre e esta pressão de Serviços poderiam modificar as estimativas da Nobel para a reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), o economista respondeu que, mesmo com estes detalhes, continua com uma projeção de que a diretoria do Banco Central elevará a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual para 9,25% ao ano. Fonte: Tribuna do Norte