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20/07/2009 03:00

INFLAÇÃO PODERÁ DA FOLGA EM 2010

Rio (AE) - Os preços administrados vão desempenhar um papel diferenciado nos índices de inflação ao consumidor em 2009 e no ano que vem. Enquanto este ano serão os vilões como líderes dos aumentos de preços, em 2010 vão garantir um desempenho bem comportados das taxas inflacionárias, segundo avaliam analistas. O grupo dos administrados inclui itens importantes nas despesas das famílias, como derivados de petróleo, planos de saúde, remédios, telefonia e transportes coletivos urbanos. Esse conjunto de itens sempre carrega consigo a inflação do ano anterior, já que a maior parte está indexada aos Índices Gerais de Preços (IGPs), calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale e o chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, acreditam que as pequenas variações ou até mesmo deflação dos IGPs, ao final de 2009, vão favorecer o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que é referência para as metas de inflação do governo), no ano que vem. Vale e Freitas alertam para uma pressão dos administrados nos preços ao consumidor nestes meses de julho e agosto, como o reajuste da Eletropaulo e destacam que, em 2009, os administrados poderão registrar uma alta entre 4%, segundo o economista da CNC e 4,7%, segundo a estimativa do economista-chefe da MB. “A cultura de indexação que existe na economia brasileira ainda fará com que o IPCA feche 2009 pressionado, em 4,5%. Os preços administrados devem ser os vilões este ano”, observa Vale. Para o ano que vem, entretanto, ambos esperam uma forte desaceleração no grupo dos administrados. Freitas estima que a variação nesse grupo não vai ultrapassar 3%, enquanto Vale acredita numa variação ainda menor, de 2,4%. O IGP-DI do ano passado foi de 9,1%, pressionado pela elevada cotação das commodities na maior parte do ano e em 2009, segundo a projeção do último relatório Focus, registrará variação acumulada de 0,95%. Segundo os analistas, o importante impacto dos administrados nos índices de preços - o peso é de cerca de 30% no IPCA- reflete uma indexação que ainda não cedeu na economia brasileira, 15 anos após o início do Plano Real. Além desse grupo de preços monitorados, a cultura da indexação afeta também os preços de serviços. “Há uma indexação formal e informal, que vai das tarifas de energia elétrica até as mensalidades escolares”, observa Thadeu de Freitas. Segundo ele, é natural que o processo de desindexação seja lento no País. “Como o Brasil viveu um processo inflacionário crônico, isso leva tempo para mudar”. Vale também lembra que há vários itens com peso importante na inflação que são indexados informalmente, como os alugueis. Segundo ele, a indexação é uma herança muito forte e, para eliminá-la, seria preciso fortalecer o IPCA. Fonte: Tribuna do Norte.

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