A greve dos digitadores da Secretaria Estadual de Tributação gerou um verdadeiro caos nos postos de fiscalização de cargas do RN. Os cerca de 500 servidores paralisaram o atendimento terça-feira (03) e reivindicam a implantação do plano de Cargos Carreiras e Salários. Ontem de manhã, cerca de 100 caminhões esperavam a liberação de notas das mercadorias no posto de fiscalização Caraú, Canguaretama, divisa com a Paraíba. O estacionamento do posto não comportava a demanda de veículos, e fileiras de caminhões se formaram na BR-101, com diversos produtos: veículos, confecções, alimentos e eletrodomésticos de todos os lugares do país. A demora para liberar as notas preocupava os caminhoneiros, que trabalham com prazos do fornecedor para os clientes. “A loja precisa ser abastecida e não tenho previsão de chegar”, reclamou o caminhoneiro Tiago Garcia, que estava no posto desde as 23h da quinta-feira e até as 11h de ontem não havia retirado a nota. Ele vinha de São Paulo com carregamento de confecções para uma grande rede de lojas nacional, com filial em Natal. A preocupação maior era dos transportadores de alimentos perecíveis, como carnes e peixes. Era o caso de Cristiano Reis, que transportava 28 toneladas de peixe e aguardava há mais de 12 horas pela liberação das notas de tributação. “Esse tempo todo estou mantendo a câmara frigorifica ligada para não perder o produto, gastando o diesel”, explicou. Outro carregamento que poderia ser prejudicado era o de pão de forma, trazido de Recife (PE), estimado em R$32 mil. “Era para eu ter entregue às 6h da manhã, e ainda nem cheguei na cidade. É um produto altamente perecível e, se demorar muito, o cliente não vai querer receber”, disse o motorista da empresa, às 10h de ontem. De acordo com o gerente do posto, Álvaro Bezerra, pelo local circulam aproximadamente 500 caminhões diariamente, o mais movimentado dos sete postos do Estado. “Temos 50 digitadores, sendo 10 a 12 em turnos de 12 horas. Na greve são três por turno, por isso demora mais”, comentou, e acrescentou que a metade das notas fiscais são eletrônicas, o que agiliza o atendimento. “Os auditores fiscais trabalham normalmente na fiscalização, e durante a greve passam a nota eletrônica no leitor, função do digitador”. Outra medida está sendo arquivar a terceira via das notas (mantidas com o fisco), para serem registradas (digitadas) no sistema após a greve. O sindicato dos servidores da Secretaria de Tributação aguarda o resultado de uma reunião a ser marcada entre Secretaria de Tributação do Estado e secretarias de Planejamento e Administração, além do Gabinete Civil. “Aguardamos uma posição do Governo para realizarmos uma assembleia e decidir os rumos da greve. Esta é uma luta de mais de 20 anos”, comentou o presidente do sindicato, Nilson Diniz. Caminhoneiros denunciam instalações e prostituição Como se não bastasse a longa espera pela liberação das mercadorias, os caminhoneiros denunciam a estrutura precária do posto de tributação Caraú. O pátio de estacionamento está repleto de buracos, não há bebedouros e os banheiros estão deteriorados. “No lugar do banho há pedras no chão, as portas não têm trancas, não há papel higiênico, energia elétrica nem espelho. À noite o banheiro é usado para a prostituição”, reclamou o caminhoneiro Cláudio Ferreira. O gerente do posto, Álvaro Bezerra, reconhece o problema e explica que uma licitação para reforma do posto está aberta até o próximo dia 11. “Além disso, há um projeto para criar uma sala de espera aproveitando um espaço de armazenamento daqui. O custo não será alto e pretendemos incluí-lo como adendo na licitação da reforma”, disse. “O Dnit realizou há poucos meses, uma pequena reparação dos buracos, estava bem pior”. Fonte: Tribuna do Norte